Aqui vai um belo soneto de Olavo Bilac, poeta brasileiro, acerca da nossa língua em vias de ser assassinada:
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Irónico, sem dúvida, o facto da nacionalidade do autor ser brasileira. Acordo linguístico? Não digo que não. Mas nunca de ânimo leve. De irresponsabilidades políticas estamos nós fartos, vá-se lá agora saber porque metem o bedelho numa língua de cunho cultural demasiado forte para ser "facilizada" desta forma.
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