segunda-feira, 24 de março de 2008

No País Cinzento das Maravilhas

O País caminha para trás, cinzento. As pessoas queixam-se e lamentam-se; há lágrimas e agonia. Poucos combatem, poucos gritam a sua revolta. Oh, que padecimento cristão este! Em tanta meditação, em tanta análise feita ao clima instável, não nos dignamos a pensar no mea culpa.

Ai! Este desmazelo que nos enfraquece desde que D. Sebastião passou a mito. Este revivalismo saudoso do Valor dos Antigos, e só dos Antigos! Esta abulia de descontentamento! E se alguns combatem, o triplo deles fazem-se seus inimigos. Ai!

Que desiludidos andamos mirando as ruínas do que nunca fomos! Que fraqueza de espírito encontramos nos nossos vizinhos sem olhar para a nossa própria fraqueza! Que umbigo triste este que carregamos, leve, levezinho, que nos faz cair como pesada cruz de Via Sacra. Oh! A tragédia das nossas vidas! Os deuses que nos espezinham!

Ai! Que não pensamos no que valemos, mas só no que os outros deviam valer. Que somos máquinas de Invídia! Antropófagos sem alma! E, desalentados, buscamos o eterno bode expiatório.

O País Maravilhoso cede terreno a quem o rodeia, inclemente. Torna-se Identidade Perdida por vontade própria, à procura de outra entidade qualquer. Que Alice virá mandar os seus pinotes no meio de todas estas cartas fechadas em Copas?


1 comentário:

Andreiita disse...

este nao poderia ficar sem qualquer comentario... simplesmente genial, amei!

que corra tudo bem por ai